O prédio, que no final de 2004, foi aberto para o culto, após período denso e relativamente rápido de uma restauração nunca antes realizada na cidade, guarda em seu interior um verdadeiro tesouro artístico, histórico, cultural, religioso e, por que não dizer, sentimental do povo valenciano. Dezenas de gerações passaram por suas portas, foram banhadas pelas águas do batismo em seu interior, receberam a absolvição sacramental e o alimento espiritual da Palavra e do Corpo e Sangue do Senhor em suas salas e na nave da Igreja, uniram-se em matrimônio na presença dos ministros autorizados, receberam a unção do Espírito Santo na Crisma ou na ordenação sacerdotal, foram “encomendados” ao Senhor quando ainda se realizavam as missas de corpo presente nas igrejas antes da construção da Capela Mortuária em Valença. Enfim, nasceram para a graça divina, viveram ou renasceram para a graça e voltaram para Deus tendo como cenário as paredes centenárias e as imagens sacras da Catedral de N. Srª. da Glória.

    A origem da Catedral de N. Srª. da Glória prende-se à origem da própria Cidade de Valença, podendo ser considerada como seu principal monumento e, pode-se afirmar, o marco principal mesmo de sua História.

    Tendo como ponto de partida de sua história os anos de 1789 e 1803, respectivamente, início das providências para o aldeamento dos nativos então denominados de Coroados e a fundação efetiva da Aldeia de N. Srª. Da Glória de Valença, a cidade surgiu de forma semelhante ao Brasil, ou seja, sob os auspícios da religião católica. Através da Portaria de 5 de fevereiro de 1803 do Vice-Rei D. Fernado José de Portugal foi nomeado capelão para os nativos das terras valencianas o Padre Manoel Gomes Leal que “tendo parochiado (sic) a Igreja de Sacra Família, por Encommenda (sic), havia acompanhado as expedições antecedentes contra os mesmos índios e feito ali serviços muito úteis à Egreja e ao Estado.” (Luiz Damasceno).

    O mesmo autor refere que tendo consultado a Mesa da Consciência e Ordens, ficou o Padre Gomes Leal autorizado a levantar na então aldeia um templo a N. Srª. da Glória, “onde com decência e mais respeito se celebrassem os officios (sic) divinos e fossem administrados os Santos Sacramentos.” Anterior a tal templo, existiu uma pequena capela “( …) sob a invocação de N. Srª. da Glória, capella (sic) essa firmada sobre toscos esteios de madeira, com paredes de palmitos e ripas ligadas por cipó imbé, emboçadas de ligeiras camadas de barro e cobertas com ramos de palmeiras”.

    Leoni Iório relata que: “Em substituição à capela dos índios, (…) deu-se início, em princípio do ano de 1820, à construção, em pedra e cal, da capela-mor da nova Igreja Matriz, de que era, então, o primeiro vigário o Padre Joaquim Cláudio de Mendonça, (…) Sob a influência do referido Vigário e do Major Custódio Ferreira Leite, mais tarde Barão de Airuoca, promoveu-se uma subscrição entre fazendeiros e moradores da Freguesia, em favor da construção da capela-mor.

    Em Luiz Damasceno encontramos que a construção “ficou coberta e assoalhada no ano de 1825, tendo sido mestre de obra José Lopes de Souza, que a executou com alterações do risco e planta, dados pelo architecto (sic) José Cristo Moreira.” É, também no ano de 1825 que têm início as celebrações religiosas no local, sendo que à frente da construção ergueu-se um alpendre para “servir de abrigo aos fiéis devotos , pois como se vê, é ella (sic) muito pequena.”

    Como, normalmente, as grandes construções demoram períodos amplos para serem concluídas, a Catedral de N. Srª. Da Glória não fugiu à regra. Somente em 1832 é que teve início a construção do corpo da igreja, através de subscrição promovida entre os paroquianos por Joaquim Pinheiro de Souza. Em 1837 foram concluídas as obras de pedreiro e carpinteiro no corpo da igreja e, a partir desta data, o consistório e a obra de talha foram feitas com recursos provenientes de prestações e concessão de loterias pelo governo da antiga Província do Rio de Janeiro.

    Em 5 de julho do mesmo ano, uma Portaria do Governo da Província, lida na sessão da Câmara Municipal declara que havia sido entregue ao Visconde de Baependy a quantia de 3:000$ de réis, para as obras da matriz e que, no ano seguinte, expediria ordens ao Tesoureiro Provincial para entregar uma consignação mensal para as obras, devendo o fato ser comunicado à Irmandade.

    Seguindo-se, temos os seguintes fatos:
– em 1840, por Decreto 182 de 25 de abril, ficou a irmandade autorizada a extrair uma loteria para as obras internas e alfaias; – em 1845, por Decreto Provincial número 353, de 22 de março, ficou a Irmandade autorizada a extrair outra loteria; – em 1857, através de uma subscrição promovida pelo Major Antonio Leite Pinto, forrou-se o corpo da igreja e “foi ela dourada”.

    Até o ano de 1871 a igreja não possuía torres. Apenas uma pequena, situada ao lado esquerdo, na qual foi batizado, em 1853, o maior dos sinos que tomou o nome de “Joaquim”, em homenagem ao Dr. Joaquim Saldanha Marinho, que gozava de grande prestígio em Valença. Tal sino foi fundido na cidade por João Cláudio Larivoir e possui a seguinte inscrição: “Ao Santíssimo Sacramento, doação feita por Silvério José Pereira Larivoir, fundidor em Valença, 1853 e seu peso é 83 arrobas e 8 libras.”

    Por decreto número 15902 de 16 de novembro de 1871, o Governo Provincial determinou que, nas verbas consignadas nas leis de orçamento para a despesas com as matrizes se deduzisse até 30:000$ de réis para conclusão das obras da matriz de Valença. Data desta época, segundo Luiz Damasceno, a construção das torres primitivas, serviço feito administrativamente e às custas do Governo Provincial do Rio de Janeiro.

    Em 1874, concluiu-se a construção das torres e foi colocado na do lado esquerdo o relógio doado pelo negociante Manoel José Vieira. Tais torres possuíam armação de madeira com paredes revestidas de tijolos e passaram por várias reformas, sendo uma delas em 1882, e um reparo na torre direita em 1909. Em 1911 o estado de deteriorização das torres era grande. Neste mesmo ano, o então vigário Antônio Corrêa Lima decidiu ordenar a demolição das torres primitivas, trabalho que foi concluído por João Campitelli e Joaquim Nunes, em 20 de setembro. Foi convocada uma reunião com membros influentes da sociedade na qual ficou decidido que seria aberta uma subscrição para a reconstrução, embora ficasse acertado que somente uma torre seria edificada, na parte central do frontispício, “aproveitando-se, para esse fim, os reforçados alicerces de pedra de que dispõe a igreja…”.

    Seguiu-se um longo período desde a demolição das torres primitivas até a edificação das atuais. Em 1913 foi proposta uma nova subscrição e formada uma comissão, além de efetuadas várias reuniões que, por fim, levaram à dissolução da comissão, determinando-se que cabia à Irmandade de N. srª. Da Glória exclusivamente a tarefa de reconstruir as torres. Em 20 de outubro de 1913 a Irmandade decidiu autorizar a obra, ficando acertada a reconstrução das duas torres, de acordo com a planta apresentada, por já terem o embasamento feito. Ficou ainda autorizado o convite a ser feito ao construtor Luiz Klotz para executar o serviço e a nomeação de nova comissão para fiscalizar e dirigir as obras. O início da I Guerra Mundial em 1914 interrompeu o início dos trabalhos de reconstrução.

    Em 1917 foram obtidos novos recursos para a obra e, neste mesmo ano, a comissão citada deu por encerrados os trabalhos de reforma da fachada da igreja, reconstrução das duas torres e construção das escadarias, “cuja bênção teve logar (sic) no dia 15 de agosto daquele ano pelo Revmo. Vigário da freguezia (sic), Padre Antonio Corrêa Lima, auxiliado pelo Revmo. Padre Agostinho de Souza.” (Luiz Damasceno)

    Em 1970, a maior reforma realizada até então, foi levada a efeito pelo Monsenhor Nathanael de Veras Alcântara, descrita por ele no informativo “O Circulista” em artigo transcrito para o livro do mesmo nome. Eis um trecho: “15 de agosto de 1970. Vinte mil vozes em praça pública. É você, Valença, que feliz como uma criança, entoa parabéns para você. Aniversaria, totalmente restaurada , a Igreja da Rainha Mãe. 150 anos.”

    A atual reforma, concluída em dezembro de 2004, é a maior e mais completa que um prédio histórico sofre em Valença. Em janeiro de 2003, o atual pároco, Padre Medoro de Oliveira Souza Neto, iniciou a mobilização da comunidade e, graças a recursos públicos e privados obtidos, foi criado o Plano de Restauração e Revitalização da Catedral, que entrou em execução em agosto de 2003. Tal restauração, sem dúvida, se tornou referência para a revitalização de outros prédios que compõem o sítio histórico da cidade.

    Restaurada, enfim, a Catedral de N. Srª. da Glória de Valença passa a ser algo mais do que já foi: sede da Diocese de Valença, Casa da Rainha Mãe e de seus filhos, patrimônio de um povo, referência de uma cidade.

Adaptação do texto “A Catedral de Nossa Senhora da Glória de Valença – Informações históricas básicas” de autoria do Prof. Ms. Raimundo César de Oliveira Mattos.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Sou Valenciano , sai da cidade com minha família com 7 anos de idade sou afilhado do ex prefeito Ludovico Cusarte,Crismado nessa Catedral creio em 1948 estou com 70 anos , sei que tenho família ai por parte de minha falecida mãe ( Elza Pinheiro Marchi) que tinha uma irmã Araci A.Pinheiro , casada com Sr. de sobre nome Canela. e que me lembro tinha ou tenho um primo de nome ou apelido Lilinho,não sei o nome do bairro mais sei que era no caminho de uma fabrica creio que era de renda, Gostaria que entrasse em contato comigo . pode ser filhos de meus primos pois tudo é família ‘só sei que quado criança morava na rua dos Mineiros em frente ao Jardim de baixo ,sou Irmão de Nicolau e (Ivan falecido)Minha mãe tinha uma iRmã chamada Ilda de Santa Nesia -RJ
    mãe de Walter- (Waltinho)O Padre quem puder ajudar ai da Catedral agradeço.Helio Marchi
    Motivo apenas trocar conhecimento com os parentes .

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