Amigo, músico excepcional e pessoa que todos querem ter por perto, assim é Paulinho Lima. Quem já teve a grata oportunidade de trabalhar com ele sabe do que estou falando. Conheci Paulinho ainda na época em que ele trabalhava no banco e acompanhei muitas apresentações dele antes mesmo de ter o privilégio de tocar com ele. Participamos de algumas bandas de baile da região, tocamos até num trio de MPB junto com o outro grande amigo, o Vandré Fraga, era o “Trem das Cores”. Época de música em efervescência na cidade. Hoje, depois de anos, encontro o mesmo Paulinho. Daqueles amigos que você pode ficar anos sem ver e quando encontra parece que não se passaram nem dois dias, tamanha a intimidade. Espero ele terminar de dar uma aula de violão e vejo nos olhos e debaixo dos dedos de um de seus alunos, a música de mais um excelente artista que a cidade terá a chance de conhecer. Afinal de contas, ele também teve a oportunidade de conhecer Paulinho Lima. Vamos à entrevista…

01 – Como surgiu seu interesse por música e seu desenvolvimento no violão em especial?

Meu interesse pela música começou desde minha infância. Minha mãe sempre gostou de ouvir rádio enquanto realizava seus serviços domésticos e eu gostava de acompanhar a música cantando, comecei a desenvolver no violão por volta de 1978, quando conheci vários músicos de Valença que se reuniam todas as quartas e sextas-feiras na casa da Irmã Albina, que também tocava com a gente, pra mim foi um grande privilégio e sorte ter conhecido essa turma da velha guarda.

02 – Você cursou alguma escola de música ou teve aulas particulares?

Não, nunca estudei em nenhuma escola de música, nem tive aulas particulares, mas não posso deixar de registrar a importância de ter conhecido dois músicos que influenciaram muito no meu aprendizado, Dianézio Lopes e Franco do Valle.

03 – Embora tenhamos músicos de extrema qualidade musical e trabalho expressivo em cidades do interior, você acha que ainda se faz necessário um músico mudar para uma grande cidade para que tenha seu trabalho reconhecido?

Sim, mas primeiro seu trabalho tem que ser bem reconhecido e admirado em sua própria cidade.

04 – O que você acha que melhorou no cenário musical para quem está começando a tocar agora?

Antes a gente tinha que comprar “vigu” nas banca de revistas pra tirar uma determinada música ou ouvir por várias vezes um vinil. Hoje é só entrar na internet e imprimir a letra de uma música cifrada.

05 – Qual sua visão sobre a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas?

Não gosto muito desta palavra, obrigatoriedade. Ainda mais se tratando de música, acho que já nascemos gostando e querendo aprender música, os pais têm maior influência e responsabilidade na educação musical de seus filhos, mas a música com certeza pode ajudar a desenvolver mais o raciocínio do aluno.

06 – Você acha importante a formação acadêmica na área musical? Por quê?

Muito importante, ampliar seus conhecimentos, melhorando a didática, aprender a ensinar cada vez mais.

07 – O que você considera necessário para que se tenha êxito na vida musical?

Primeiramente o talento, amar o que se faz, amar a música, respeito com os companheiros, ouvir muitas músicas, se dedicar a um instrumento, mas o mais importante, ser humilde.

08 – Você participou de vários festivais de música ao longo de sua carreira. Os festivais mudaram muito ao longo dos anos, mas ainda sobrevivem principalmente em cidades do interior. Como você vê o circuito de festivais?

O festival é ainda o meio mais importante de você divulgar e expor seu trabalho, sua performance no palco tocando ou cantando. A platéia te ouve e os jurados prestam toda a atenção, qualquer erro pode te desclassificar, a gente já sobe no palco com aquele friozinho na barriga dando o máximo da gente. O festival faz a gente criar, compor, fazer música nova. Quanto mais festival, mais compositores, mais intérpretes, mais músicos, mais músicas e mais cultura.

09 – Você já teve a oportunidade de dividir o palco com músicos consagrados. De todos os artistas com quem já trabalhou, quais foram os que lhe ensinaram as melhores lições?

Aprendi e continuo aprendendo várias lições com vários músicos com quem eu toco ou já toquei, recentemente aprendi uma péssima lição em que espero nunca por em prática, a de se achar dono da razão e da verdade. Mas sem dúvida a mais importante da minha vida, aprendi com Dianézio Lopes, que é a humildade, sem ela ninguém chega a lugar nenhum.

10 – Numa retrospectiva dos momentos musicais que viveu, lembrando de bandas, músicos, shows, lugares… Que momento foi marcante? E o que não faria de novo?

Acho que o momento mais marcante foi o festival Canta Rio Sul de 1996, que tivemos uma música finalista, “Um Canto de Paz”, minha com parceria de Lourenço Tavares, foi muito maneiro ver aquela gente toda torcendo pra gente. O que eu não faria de novo? Ter bebido tanto naquele festival, tanto que no dia seguinte nem lembrava quem tinha vencido.

 

11 – Quais os músicos que você admira e sente que seu som tem um pouco da influência deles?

São vários, mas isso tem mudado muito no decorrer de minha carreira musical. Teve uma fase que eu curtia muito Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, ouvia tanto que algumas pessoas falavam que meu timbre de voz era muito parecido, principalmente com Geraldinho. Atualmente tô curtindo mais samba, Paulinho da Viola, Cartola, Nelson Cavaquinho, etc…

12 – Você é um músico que não se rende aos modismos das músicas “radiofônicas” em suas apresentações. E quanto às suas aulas? Como é trabalhar com músicas mais complexas harmonicamente com um aluno que busca um retorno imediato das aulas?

Sempre gostei muito de solo harmônico, antes de ensinar uma determinada música para o aluno, mostro a harmonia e o solo harmônico, normalmente eles se interessam mais pelo solo, e aí a gente vai trabalhando a música no decorrer das aulas, o aprendizado é claro que vai depender da dedicação em casa.

13 – Com esposa, dois filhos lindos e cachorro correndo no quintal da nova casa que acabou de comprar, você se considera um músico de sucesso? Como foi tomar a decisão de viver única e exclusivamente de música?

Considero-me realizado profissionalmente. Acho que Papai do céu tem sido muito meu camarada, nem sei se mereço tanto… Em 1990 trabalhava em um banco e ao retornar de férias fui surpreendido pelo gerente administrativo com uma carta de demissão, decidi ser autônomo, tinha mais tempo pra tocar violão, aí deu nisso…

14 – O que você pode dizer para a galera da música de Valença/RJ? Uns ainda aprendendo a tocar, outros já com bandas formadas e correndo estrada, mas todos buscando um lugar ao sol.

Que continuem sempre com a música. Ouvindo, tocando, aprendendo, ensinando. Ela é capaz de mudar e pra melhor a vida de qualquer pessoa, independente da idade. QUEM CANTA, ORA DUAS VEZES!

15 – Por fim, onde o público pode encontrar Paulinho Lima? Quais os projetos que estão em andamento?

Todo dia 29 no “Bar do Bacana”, nos finais de semana normalmente no restaurante “Tom Maior” em Conservatória/RJ e aos sábados no almoço no bar “Bat e Papo” junto com o grupo “Sam´balança”. Acabei de lançar um CD ao vivo no “Restaurante Arara”, ainda vou escolher um lugar pra fazer o lançamento e tô levando muita fé nesse nosso novo grupo de samba que é o “Sam´balança”.

[sws_green_box box_size=”615″] Em nossas entrevistas, não nos responsabilizamos por conceitos, opiniões manifestadas ou citações de terceiros incluídos nas respostas de nossos entrevistados. [/sws_green_box]

7 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns Paulinho pelo belíssimo trabalho e também ao Pinheiro que fez uma entrevista muito bem elaborada. Que DEUS continue abençoando o trabalho de vocês!

Deixe um comentário para Pinheiro Cancelar resposta

Please enter your comment!
Please enter your name here