Essa é uma pergunta que assola a mente da grande maioria das pessoas. Porém, nomes tão parecidos tem funções bem distintas. É bem verdade que todos eles tratam de questões emocionais e comportamentais, mas sobre uma ótica diferente e específica a cada área de atuação.

A psicologia, talvez a mais conhecida e difundida trata de estudar o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que o sustenta, o que o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência… A história da Psicologia se confunde com a Filosofia e a Fisiologia até meados do século XIX. Sócrates, Platão e Aristóteles deram o pontapé inicial na instigante investigação da alma humana. O fato é que no final do século XIX, os acadêmicos da época resolvem distanciar a Psicologia da Filosofia e da Fisiologia, dando origem ao que se chamou de Psicologia Moderna. Os comportamentos observáveis passam a fazer parte da investigação científica em laboratórios com o objetivo de se controlar o comportamento humano. Nesse sentido, os teóricos objetivam suas ações na tentativa construir um corpo teórico consistente, buscando o reconhecimento, enfim, da Psicologia como ciência.

A psicanálise foi desenvolvida por Freud a partir da clínica médica justamente por estar insatisfeito com o que a medicina lhe dizia a respeito do comportamento histérico dos pacientes. Ela então veio tentar dar conta das frustrações e angústias que o homem contemporâneo não consegue lidar. Tentar definir o lugar da psicanálise no mundo de hoje não é de forma alguma uma tarefa fácil, haja vista que lidar com o que o homem traz no seu inconsciente, é lidar com a subjetividade de um indivíduo que a psicanálise aposta irá se tornar um sujeito. Sendo assim, cabe aqui ressaltar que o psicanalista não traz ao analisando, ao paciente que o procura, uma receita de bolo que diga quais os ingredientes ideais para se fazer o bolo da vida perfeito, não, muito pelo contrário. Ela vai na verdade substituir esses ingredientes por outros, vai testar uma nova receita, vai reinventar, recriar, resignificar a partir do paladar desse que é o autor da receita, isto é, o dono de sua própria história, sua própria vida. O psicanalista vai tentar fazer seu paciente entender como ele se sente em frente às questões da própria vida e como ele lida e vai lidar com essas questões. Não é o “certo” nem tampouco o “errado” que conta aqui, mas sim como essa pessoa se sente e se compreende a partir de seus conflitos. E qual é a condição básica para ser um psicanalista? Ter formação acadêmica nível superior em qualquer área de atuação, estar em análise, ser membro de uma sociedade psicanalítica e estar em estudo constante. Freud se opôs veementemente que a psicanálise fosse exclusivamente uma ciência permitida aos médicos, e como referência temos sua própria filha Anna Freud, uma pedagoga que foi uma das precursoras da psicanálise infantil, além de Melanie Klein, uma professora que contribuiu largamente para o avanço da psicanálise com crianças.

A psicopedagogia destina-se a compreender as questões de aprendizagem as quais o homem se defronta desde seu nascimento. Ela nasceu a partir da necessidade de se diagnosticar quais as razões que possam comprometer esse processo que é , ou pelo menos deveria ser contínuo e constante, e não apenas isso, a psicopedagogia vai encontrar formas de tornar essa aprendizagem prazerosa,vai tentar despertar nesse paciente o desejo de aprender, pois sem desejo não há aprendizagem. Muitas são as razões que possam vir a comprometer esse processo de aprendizagem, tais como condições sociais, conturbações familiares, patologias clínicas, falta de estrutura das instituições, despreparado e/ ou desmotivação dos educadores, e muitos outras causas, que na grande maioria das vezes são ocultas, são veladas. Esse boicote frente à aprendizagem pode ser da ordem do consciente ou inconsciente. A constatação da necessidade de se procurar um profissional da psicopedagogia, a demanda, nos dá pista de um grito de socorro desse que está encontrando dificuldades em aprender; o aluno. Não devemos atribuir “culpas” nem tampouco rotular situações, alunos ou profissionais. O que há de ser feito é realizar uma investigação cuidadosa, e detectadas as questões comprometer todos aqueles que participam do processo (família, instituição, educadores e o aprendente). Nunca se recorreu tanto à psicopedagogia como nos tempos atuais. E quais seriam as razões? Dentre elas um novo modelo familiar que se apresenta, não tão participativo na criação de seus filhos; o excesso de informações que pode vir a dispersar, tirar o foco dos estudos; o “preto e branco” em que as instituições educacionais se encontram frente ao “colorido da vida”, etc. Frente à todas essas questões, a psicopedagogia vem recorrendo à psicanálise para entender melhor a mente humana e suas nuances, para tentar dar conta daquilo que aflige o homem e possa então comprometer sua aprendizagem. Podemos então concluir que mesmo sendo a psicologia, a psicanálise e a psicopedagogia ciências distintas entre si, atuam de forma interdisciplinar por justamente tratarem de algo tão especial e comum à todas que é a mente humana e o comportamento social desse indivíduo.

Escrito por:

Prof.Andréa Pinheiro Bonfante

Dr. Charles José – Psicólogo Clínico

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