O Quarto
O quarto, enferrujado de memórias,
uma sede esquizofrênica me interroga
a respeito dos anos que das
minhas mãos escaparam.
E eu não sei o que fiz,
talvez, essas vagabundas mãos,
ausentes de calos,
não fornecessem a aderência
necessária para decifrar
a formula do vencer.
Talvez, com frio da vida
eu tenha me agasalhado da curiosidade
de olhar às coisas pelo avesso,
querer ao contrário,
amar invertido.
Desmedido!
Passei um tempo a me equilibrar
nas cordas de um violão,
numa toada surda,
decifrável num querer desdenhado.
E eu nem reparei que os anos,
que eram mais rebeldes
que a minha adolescência,
fugiam de mim.