Pertinente este assunto, não é mesmo? Mas, antes de tudo devemos entender a palavra família no contexto em questão, pois ao falarmos de “família” nos tempos atuais temos que ressignificar o entendimento da mesma. O modelo familiar de hoje, definitivamente não é o mesmo do que aquele de alguns anos atrás com pai, mãe e filhos. Hoje as famílias apresentam um perfil diferenciado; temos pais ou mães solteiros (as); irmãos e irmãs mais velhos (as), avós, avôs, casais homo afetivos, dentre outras infinitas possibilidades de modelos familiares. Mas seja qual for esse modelo, o que importa de fato é que a mesma interaja no processo educacional dessa criança ou jovem. A palavra interagir assume aqui uma função muito maior do que simplesmente a presença física desse responsável. Ela deve ser sinônimo de parceria junto à escola, estímulo junto ao filho, compromisso e responsabilidade de acompanhar passo a passo uma rotina que é diária até que essa criança se torne um adulto. Tarefa fácil? Com certeza não. Desafiadora? Sim. Todos nós assumimos papéis no contexto social em que vivemos, e se assumimos a função de “pai”, que sejamos pais de fato, não pela metade ou apenas quando desejamos ou nos é conveniente.

”A sociedade contemporânea está perdida, sem saber o que fazer…” diz sabiamente Mário Sérgio Cortella, filósofo, educador, mestre em educação (assista ao vídeo abaixo). São inúmeras as razões  desse “estarmos perdidos”. A necessidade do trabalho em tempo integral pelos pais, os apelos consumistas, os meios de comunicação em ampla expansão e sedução, a desvantagem em que a escola enquanto instituição encara frente aos veículos de comunicação, e tantos outros motivos que ficaríamos aqui por horas enumerando-os. Esse é apenas um lado da questão, pois por conta dessas radicais mudanças na forma de encarar a criação de nossas crianças é que nos tornamos permissivos demais e acovardados no sentido de delegar a essas “crianças”, responsabilidades as quais não lhes cabem. Negociamos com nossos filhos situações que apenas nos dizem respeito, perguntamos a  eles questões que nós devemos decidir, abrimos mão de nossa autoridade sem nos darmos conta ou em muitos casos com plena consciência, porque dizer sim é muito mais fácil, ou então fazemos isso na tentativa de compensar nossa presença em suas vidas pela razão de estarmos trabalhando demasiadamente, e desse modo vamos seguindo, nos esquecendo do quanto é importante e crucial assumirmos nossa autoridade, e digo autoridade e não autoritarismo. Há uma necessidade enorme do resgate da hierarquia familiar, assim também dos valores aos quais de forma alguma deveríamos ter aberto mão.

Então, o que fazer? Na verdade não há uma receita pronta ou uma fórmula eficaz da qual se possa compartilhar. O que há de fato é bom senso, critério de avaliação, ouvir os apelos de nossos filhos codificados em gritos de socorro que se dão através de rebeldias e notas não satisfatórias na escola, e até mesmo explicitados pela violência física e verbal tão comum dentro da escola e nas imediações, fato esse encarado erroneamente como normal por muitos dos responsáveis com a alegação acovardada de que como são jovens são passíveis de tais atitudes. Lei do engano.

Mas todo esse processo de depuração tem como verbo principal o observar. Não olhar apenas, mas enxergar, ver além. Será que a observação é uma via de mão única? Certamente não. Observamos e somos observados por nossos filhos. Erramos certamente, mas são com nossos erros e fraquezas que nossos filhos aprendem a nos admirar e também aprendem a crescer, e além disso, reconhecem em nós exemplos, pois sem dúvida alguma eles estão nos observando. (assista ao vídeo ilustrativo abaixo).

O que devemos levar desse recado, é que o aluno que tem seus familiares participando ativamente do seu processo educacional, via de regra, é mais feliz, mais confiante, e apresenta resultados muito mais satisfatórios na vida escolar mesmo quando frente às dificuldades que com certeza surgirão num determinado momento ou outro, mas que  serão superadas com o apoio familiar. Por isso, elogie seu filho, seja um bom observador, seja firme, aja com autoridade que sua função de pai lhe determina e exige, e acima de tudo se entregue na missão de ser família presente, porque família presente é interferência positiva no processo de aprendizagem.

Vídeo: “Educação x Escolarização” MÁRIO SERGIO CORTELLA

https://www.youtube.com/watch?v=FNEN3eJ8_BU

Vídeo aos pais: “Estou te observando”

https://www.youtube.com/watch?v=NC7lDvMw7ag

Autora: Andréa Pinheiro Bonfante
Professora graduada em letras (Português/ Inglês e Literaturas) pela UNIG.
Especialização em tradução.
Pós graduanda em psicopedagogia pela Universidade Estácio de Sá.
Psicanalista em formação pelo Corpo Freudiano-Barra Mansa.

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