A influência negativa do álcool no processo de aprendizagem de crianças e jovens se dará por duas principais vias; o consumo do álcool propriamente dito e a codependência alcoólica.

Sendo a memória  função fundamental  no processo de aprendizagem,o consumo do álcool irá promover uma  drástica queda no processo de aprendizagem que  irá resultar em repetição escolar, causando desestímulo e consequentemente em evasão. Todo esse processo gera uma baixa auto-estima que irá motivar ainda mais um aumento do consumo do álcool gerando um ciclo vicioso que servirá como porta de entrada para outras drogas causando danos ainda maiores.

            Os principais aspectos motivadores são a família, a vida social, normas culturais, religiosas ou políticas públicas e também a ignorância e a curiosidade.

            Por incrível que pareça, a família é o grupo social que mais motiva essa criança ou jovem a iniciar o uso do álcool, seja pela falta de vigilância e/ ou até mesmo pelo estímulo de pais e parentes mais próximos, que equivocadamente não apenas permitem, como também o apresentam à eles.

A vida social, amigos, baladas, necessidade de auto-afirmação e aceitação do grupo viriam em segundo lugar. Nesse aspecto, os jovens são mais influenciáveis. Estudos comprovam que jovens entre 12 e 17 anos representam 50% da população alcoólica.

Em seguida temos  as normas culturais, religiosas ou políticas públicas tais como a oferta indiscriminada do álcool através da mídia. Inegavelmente o consumo de álcool é muito maior em países onde os comerciais são liberados.

E finalmente muitas de nossas crianças, mas principalmente os jovens, entram nesse caminho que nem sempre há retorno, por conta da curiosidade, tão comum nessa faixa de idade. A ignorância,  a falta de informação e esclarecimento, também deixam nossos jovens à mercê dessa armadilha.

Diante dos fatos, fica a pergunta; o que fazer? Além de conversas francas e esclarecedoras sobre o tema, é também importante que a família coloque regras claras e limites, não em um tom ameaçador, mas de forma a fazê-los entender os prejuízos dessa decisão nada salubre e inteligente.

            Chegamos agora na questão da codependência, que como vários testemunhos no livro “Para Além da Codependência”, de Melody Beattie, podemos definí-la como furtiva e enganosa. Dentre vários relatos, esses são alguns dos que mais me chamaram a atenção: “[…]um conjunto de comportamentos compulsivos e inadaptáveis adquiridos por membros de uma família que passa por estresse e grandes dores emocionais como forma de sobrevivência[…]”; “O fogo não termina quando o corpo de bombeiros o apaga e vai embora. Reparar estragos de um incêndio pode envolver um processo de recuperação enorme, e às vezes, frustrante.” “Podemos ter passado a vida imaginando o que poderia  estar errado conosco, quando a outra pessoa , ou o sistema,era o que estava errado.”

            Segundo Robert Subby (renomado psicólogo com mais de 20 anos de experiência em saúde mental e vícios, especialista em codependência e recuperação de adultos-crianças), descreve a codependência como “ uma condição emocional, psicológica e comportamental que se desenvolve como resultado  da exposição prolongada do indivíduo e da prática de um conjunto de regras opressivas.”

            A interferência negativa no processo de aprendizagem se dá através da vivência dessa criança ou jovem num ambiente familiar comprometido e equivocado, onde lhe é roubada sua subjetividade. Modelos familiares desse gênero podem  fazer com que esse  indivíduo entre de forma consciente ou inconsciente num ciclo vicioso, comprometendo não apenas o tornar-se sujeito em sua própria existência, assim como toda uma geração.

            É importante nos conscientizarmos do quanto somos responsáveis em influenciar tanto positivamente como negativamente nossas crianças e jovens. Por isso, fiquemos atentos aos nossos gestos e atitudes e lembremos que eles estão sempre nos observando, como podemos ver nesse vídeo.

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Autora: Andréa Pinheiro Bonfante
Professora graduada em letras (Português/ Inglês e Literaturas) pela UNIG.
Especialização em tradução. Pós graduanda em psicopedagogia pela Universidade Estácio de Sá.
Psicanalista em formação pelo Corpo Freudiano-Barra Mansa.

1 COMENTÁRIO

  1. Apesar de todos os avancos ocorridos, os criterios para dependencia ainda podem ser aprimorados. Varios investigadores estao interessados em identificar subtipos de alcoolismo, que reagiriam de forma distinta a diferentes tratamentos. Alem disso, os criterios para dependencia e uso nocivo provavelmente diferem na populacao adolescente e este e um topico importante para futuras pesquisas.

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