Cinco anos após ser promulgada, a lei 11.769/2008 que trata da obrigatoriedade do ensino de música nas escolas regulares não saiu do papel. Agosto de 2011 era a data limite para a sua implantação, mas isso não aconteceu e pouca coisa mudou nesse tempo. Muitas dúvidas ainda pairam no ar. A música será uma matéria separada ou estará ligada às Artes? A escola do meu filho é obrigada a ter um professor de música? O que a escola e os pais devem esperar de quem vai dar estas aulas? Embora alguns entendam que depois de anos fora do ensino regular é normal essa demora na implantação, pois qualquer passo já é um avanço, sendo necessário mesmo um trabalho de formiguinha; outros acreditam que a demora está exagerada. Para conhecermos um pouco sobre o tema convidei alguns profissionais da área para responderem algumas perguntas sobre a tão esperada volta da música nas escolas.

Rodrigo Belchior – Professor de Educação Artística; Coordenador do Projeto Aprendiz, Coordenador do grupo de choro Filhos de Marta e Coordenador da Escola Telemar de Arte e Tecnologia-Kabum. Graduado em música pela Unirio, pós-graduado em educação pela Cândido Mendes. Professor dos colégios Andrews e Santo Amaro, no Rio de Janeiro. Dá aula para os professores da Escola de Música da Rocinha e faz palestras sobre educação musical pelo Brasil inteiro.

01 – Porque tanta dificuldade na implementação da lei 11.769/2008? Se todo o mercado de instrumentos musicais, de livros didáticos, de professores de música e pais de alunos se mostram favoráveis; a quem não interessa que haja música nas escolas?

Rodrigo Belchior – A música está presente em todas as culturas e nas mais diversas situações, fazendo parte da educação há muito tempo. Acredito que todos têm interesse, na verdade falta trabalho e esforços, principalmente por parte dos políticos.

02 – Depois de anos privados de uma educação musical, qual o conteúdo programático que pode ser aplicado na educação musical destes alunos e como este conteúdo pode ser incorporado ao currículo das escolas?

Rodrigo Belchior – A música tem um poder cativante que transforma o aprendizado em um momento de prazer e satisfação; uma experiência agradável, próprio do mundo do aluno. O conteúdo deverá ser apresentado de forma que sonorize sensações, percepções, pensamentos, aprendizado, etc. E mais… o conteúdo se for apresentado com interdisciplinaridade, será mais cultivado por todos. A música deve entrar na grade e ser realizada com prazer e alegria.

03 – Qual a importância da música na educação? Até que ponto uma criança que teve uma educação musical na escola, pode ter isso como contribuição para sua formação como cidadão?

Rodrigo Belchior – A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar as nossas sensações e pensamentos que estão se dando, que vão se dar, ou ensaia e antecipa o que deveriam se dar, no exercício da cidadania. Cantar, tocar e ouvir música traz satisfação e divertimento aos alunos. É necessário que o professor trabalhe com música que aguça a sensibilidade auditiva, porém, não de forma rotineira e automática. Devemos dar à criança a oportunidade de viver a música, apreciando, cantando e criando sons através de atividades sensoriais e com aplicação de práticas sistemáticas de ensino. O conteúdo musical deve ser transmitido de forma alegre e com muita vibração, pois brincar é, indiscutivelmente, a maior atração para atingir os alunos. Acredito numa metodologia que deve priorizar o lúdico e o dinamismo sempre. A música, além de suas próprias atribuições, socializa e sensibiliza o indivíduo; desenvolve o seu poder de concentração e raciocínio; auxilia na coordenação motora, o raciocínio, a disciplina, a consciência corporal e o senso rítmico. Ajuda a superar as barreiras verbais, auxiliando a enriquecer o significado por detrás de nossas mensagens em níveis emocionais, psicológicos e mentais.

04 – A música será uma matéria separada ou estará ligada às Artes? A obrigatoriedade do ensino da música inclui a Educação Infantil? Que profissional deve dar estas aulas?

Rodrigo Belchior – Defendo a idéia de a música estar presente em todas as disciplinas, pois trabalhar de forma interdisciplinar é a melhor maneira de atingir o corpo docente e discente.

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